terça-feira, 8 de abril de 2008

O DIREITO AO DIREITO

Muitas vezes nos deparamos com a sentença ‘somos cidadãos e temos nossos direitos’.
Ocorre, porém, que desde que me conheço como gente sempre vi nossos direitos serem vilipendiados e transformados em deveres:
Temos o direito a estar sempre felizes para não magoar a ninguém;
Temos o direito a cumprir jornadas de trabalho além da contratada e não receber absolutamente nada por isso;
Temos o direito a pagar impostos e jamais saber onde é empregado o dinheiro;
Temos o direito a atender pedidos e solicitações (como se fosse uma obrigação) que não nos vêm acompanhados de ‘por favor’;
Temos o direito a estar sempre bem dispostos para todas as obrigações que nos impingem;
Temos o direito a ficar sempre à disposição dos outros, à espera da boa vontade alheia;
Temos direito à falta de educação, falta de cultura, falta de saúde, falta de emprego, e quando este não nos falta, temos o direito ao atraso no recebimento do salário;
Temos o direito a não ficar doentes para não causar prejuízos financeiros às empresas;
Temos o direito a não expressar nossos sentimentos quando nos sentimos magoados;
Temos o direito, depois de tudo isso, a chegar em casa e ouvir reclamações da esposa, que tem o direito de lavar, passar, cozinhar e cuidar da casa e dos filhos sem reclamar. E na hora do descanso, temos direito aos gritos das crianças que já fazem uso do direito de gritar enquanto correm pela casa toda;
E quando usamos o direito à reclamação, categórica e taxativamente nos repreendem:
- Você não tem esse direito!