Essa noite, me deitei no chão lá fora. Fiquei a olhar para as estrelas, admirando seu brilho.
Em silenciosa prece, pedi ao meu anjo de guarda que me iluminasse o caminho pela vida.
Percebi quão grandioso é o universo, a quantidade de estrelas que brilham no firmamento e de lá não caem. Brilham tão intensamente que, mesmo quando ofuscadas por uma nuvem que se interpõe entre nós, conservam o fulgor e, depois de passada a nuvem, parecem florescer mais ainda...
E nós, os homens, nesse conjunto todo, somos apenas menores que um mísero grão de areia no deserto ou mais insignificantes que uma gota d’água no oceano...
Todavia, fazemos questão de impor nossa condição, julgando-nos superiores, brigamos por ninharia, ofendemos nosso semelhante ao passo que nos magoamos por titica de galinha.
“Ao meditar, em raras horas mansas,
Cheguei a conclusões desprimorosas:
Os homens são crianças rancorosas,
Sem a graça espontânea das crianças.”
As estrelas, entretanto, continuam lá...
Recordei, então, da questão proposta por Jesus:
"Que aproveita ao homem se conquistar o mundo inteiro e perder sua alma?"
E as estrelas, com seu brilho, diziam das pessoas que passam pela vida em busca de fama, reconhecimento, fortunas, desperdiçam a vida, a saúde e o tempo, em busca dessas coisas passageiras. “Chegam até a vender a própria alma do diabo”. E não podem desfrutar da fama, pois sequer conseguem caminhar pelas ruas tranquilamente; o reconhecimento logo é esquecido; a fortuna se dissipa em prol de falsos amigos. Com isso vai-se a vida, a saúde e o tempo.
Aí, vem o diabo cobrar a dívida...
A estrela, então, me segredou que não é tudo...
O ser humano, no dia a dia, não aplica a si mesmo a indagação acima, pois, para continuar mantendo a sua aparência de superior, muita vez, quer dobrar os joelhos do seu próprio semelhante. Veja-se o caso: a primeira reação de alguém, quando atacado, é revidar. Mas não lhe basta o simples revide. Tem que ser de forma tal que o suposto agressor se sinta tão inferiorizado a ponto de nunca mais, nem em sonho, voltar a repetir atitude parecida.
E mais: não lhe basta que apenas o suposto agressor sinta na própria pele. Quem revida sente a necessidade extrema de que as demais pessoas também participem do ocorrido e apóiem-lhe a atitude.
Nesse sentido, espalhando a maledicência, vão conquistando o mundo, mesmo que esse “mundo” seja limitado ao espaço de uma sala, de uma pequena cidade, de um estado...
E o que a maioria quer é “ver o circo pegar fogo”.
Conquista-se o mundo: as pessoas lhes aplaudem as atitudes de revide, de revolta, de maledicência... e perde-se a própria alma, pois, quando essa se encontrar sozinha diante do Criador, depois de tanta maledicência e discórdia espalhada pelo mundo, como poderá olhar-Lhe na face?
Por outro lado, e os que conquistaram o mundo sem perder a alma?
“Ora (direis) ouvir estrelas...”
José Bonifácio, 28 de fevereiro de 2012
Terça-feira
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
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