terça-feira, 5 de novembro de 2013
FORTALECER A FÉ
“Jesus, tende piedade da minha infinita amargura! Enviai a morte ao meu espírito desterrado. Sou inocente, Senhor, e padeço a tirania da injustiça dos homens. Mas, se a traição e a covardia me arrebataram da pátria, afastando dos meus olhos as paisagens queridas e os afetos mais santos do coração, essas mesmas calúnias não me separam da vossa misericórdia!”
As palavras acima foram proferidas por um degredado quando, deixado nas terras recém-descobertas por Portugal, lançara-se ao mar em uma rústica jangada, almejando alcançar as naus portuguesas que seguiam viagem em direção às Índias. A oração está no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, ditado pelo espírito Humberto de Campos ao médium Chico Xavier, editado pela Federação Espírita Brasileira.
O momento passaria despercebido à História, não fosse o fato de que, mesmo implorando pela morte (o que seria mais suportável que a pena imputada – assim pensava o apenado), Jesus, o Mestre Divino, não permitiu. Seu bondoso coração intuiu ao Anjo Ismael, momentos antes “empossado” no cargo de Guia Espiritual das novas terras, a trazê-lo são e salvo à terra firme. E diz, então, o narrador espiritual: “foi o primeiro feito de Ismael nas Terras de Vera Cruz”.
O que se pretende destacar nessa passagem, de subida emoção, é o fato de que o degredado, no ápice de sua amargura, ao ver-se deixado para trás, numa terra de ninguém, longe da pátria amada, distante dos que lhe eram caros ao coração (noiva, pai, mãe, amigos, irmãos), considerando-se injustiçado pelo degredo (se era ou não, é o que menos importa), coloca seu coração nas Mãos de Jesus, suplicando-Lhe auxílio. O Mestre, por intermédio de Seu Anjo, intercede. Leva-o de volta, mesmo sob a ameaça das ondas vorazes, livra-o da morte (até mesmo da morte suplicada).
Por quê? Para quê? Quem era o degredado? O que ele viria a realizar no futuro? Não era ele culpado diante das leis? Não era ele um criminoso?
Bem, degredo é uma pena que consiste em afastamento compulsório (e esta palavra significa: contra a vontade) da terra natal por certo tempo ou por toda a vida; desterro; exílio. A gravidade do delito é que definia o tempo.
Com uma rápida busca na Internet, descobre-se que Afonso Ribeiro, o autor da Oração acima transcrita, fora apenado com o degredo por “culpas de morte”, isto é, cometera assassinato. Alguns historiadores atestam sua inocência. E responde-se à questão: “Quem?”
Por que, então, Ismael atendeu a ordem celeste, que lhe brotara pela inspiração, e socorreu o aflito? A resposta está nas páginas do próprio livro. Jesus resolvera “abrir” aquelas terras para abrigar todos os aflitos, todos os injustiçados, todos os que Lhe rogassem intercessão diante do sofrimento, todos que se colocassem sob o Seu jugo (leve, suave, como está no Evangelho, em Mateus, capítulo 11, versículos 29 e 30), pois para ali transplantara a Divina Árvore da Boa Nova.
Não importa se quem suplica era de fato injustiçado pelas leis humanas; não importa o crime que cometera; não importa o que faria no futuro. Era um pedinte que, pela prece, “batia” às portas celestiais, implorando auxílio. Jesus, o Magnânimo Senhor, não poderia negar. Em Seu Santo Evangelho (Lucas, capítulo 11, versículos 9 e 10) está: “Pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e a porta se lhes abrirá. Pois todo aquele que pede recebe; quem busca, encontra; e a quem bate; a porta lhe é aberta”.
Hoje, na modernidade, quando a comunicação é instantânea, ou seja, podemos falar com amigos e parentes que estão do outro lado do mundo, via Internet, quantas vezes nos esquecemos de abrir nosso coração injuriado e rogar ao Divino Amigo a Sua intercessão em nosso favor? Quantas vezes julgamos mais fácil nos entregar ao desespero que nos colocar nos braços do Mestre?
Jesus, quando presente visivelmente entre nós, deixou claro que tudo podíamos pedir ao Pai em Seu Nome. Todavia, quantas vezes, em nossa amargura, em nossos desesperos, em momentos de aflição, fazemos isso?
Seja o exemplo desse degredado seguido por todos. Em vez de nos dirigirmos às pessoas que nada podem por nós (por isso mesmo, pode-se afirmar que não são as adequadas a nos ajudar), vamos nos dirigir ao Mestre Jesus, e Ele, por intermédio de Seus Anjos, nos mandará, de forma rápida e eficaz, a ajuda pleiteada.
Eu sou testemunha de que tal prática funciona.
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