sábado, 22 de setembro de 2012

VAMOS TOMAR UM CAFÉ

Durante o curso de Direito fiz grandes amigos. Alguns se tornaram especiais. Entre esses, dois jamais se furtaram em acompanhar-me, no intervalo, a um cafezinho na cantina. Desenvolvemos um método para não se perder muito tempo nas filas, pois havia duas, quase sempre enormes, sendo uma para o caixa e outra para o balcão de café; assim, dividíamos as tarefas, indo um para o caixa e os demais para a fila do balcão. Nesse aspecto, era também importante conquistar a amizade das pessoas que atendiam no balcão, o que, na verdade, não nos difícil. Certa época, quando um de nossas professores, por motivos de saúde, teve que se afastar, a coordenação do curso nos enviou um substituto. Sujeito alto, esguio, conversador, e logo se tornou nosso companheiro de café, o que fazia questão. Como nas salas de aula se aprende o que é técnico, a “malandragem” se aprende no café. Foi assim que esse nosso professor, agora companheiro de café, nos contou que, tão logo se formara, conquistou seu primeiro cliente. Era, a bem da verdade, um caso simples, e que não havia dúvidas quanto ao direito pleiteado pelo cliente. De posse de todas as provas irrefutáveis para o caso, foi com essa certeza para a audiência de instrução e julgamento. No fórum, encontrando-se com o “adversário”, após os cordiais cumprimentos que se estabelecem entre os correligionários, observou que o “adversário”, já de certa idade, aparentava-se um tanto atrapalhado. “O caso tá no papo!”, pensou de si para consigo mesmo. Além de atrapalhado, o colega-adversário, gentilmente, convidava-o para um café, que o nosso professor, educadamente, declinou do convite, pois precisava ainda conversar algo com seu cliente. Instados a entrarem para a audiência, assim fizeram. Nunca em sua vida, curta, curtíssima ainda, de formado, fora tão esmagado quanto naquele dia e naquele lugar. “O velhinho caquético acabou comigo. Todo o caso estava certo, o direito era de meu cliente, todas as provas apontavam nessa direção; todavia, por alguma razão, perdi.” Finda a audiência, de posse da sentença condenatória, foi novamente convidado para o café pelo “adversário” que o esmagara. Desta vez, porém, aceitou. Irrequieto, antes mesmo de sorver o primeiro gole, não suportou a pressão e desferiu a pergunta: “O que aconteceu? Todas as provas indicavam que eu ganharia o caso, mas perdi. Estou completamente desconsolado”. O “velho caquético” simplesmente respondeu: “Meu filho, você perdeu porque demonstrou confiança demais. O excesso de confiança fez você perder o caso.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SAUDOSISMO

Entre os mais idosos é comum o saudosismo. Há quem conserve um carro, um LP, um rádio, seja o que for pelo simples prazer de uma recordação. Mas... Em pleno domingo, ao me dirigir para o trabalho, pois a vida de radialista é assim mesmo: enquanto a maioria fica em casa, descansando, tem que trabalhar para levar entretenimento. Seguindo pela avenida, um carro que há tempos não via um assim, um TL, azul, me ultrapassou pela direita. Parei no posto para abastecer. Ele também. Parou de um lado da bomba e eu do outro. Ia brincar com o motorista, mas julguei melhor não fazê-lo. Quando o frentista me atendeu, apontei para o carro, dizendo-lhe: “Olha, se eu propuser uma troca, ele não aceita nem mesmo o dele pelo meu, sem nada em troco...”. O frentista, então, informou: “Ele tá vendendo”. Olhei e não vi placa de anúncio. Informou que estava no colo de uma criança, uma menina, que aparentava, aproximadamente, 10 anos, sentada no banco traseiro. O motorista me informou que estava realmente vendendo o carro. E se eu queria comprar. Comprar até gostaria, mas não sem dinheiro... A pequena que segurava a placa no colo falou alguma coisa, embora não ouvíssemos, pois o vidro, fechado, impedia a passagem do som. O motorista informou que ele colocava a placa e ela retirava porque não queria que o carro fosse vendido. Nesse instante, fez menção de seguir seu caminho, e o fez. Notamos, então, que a menina chorava por não querer a venda do carro. Estupefatos, acompanhamos as lágrimas da pequena criança.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O MAIOR BRASILEIRO

Ontem à noite, aconteceu a primeira semifinal do Programa “O Maior Brasileiro de todos os tempos”. Considero importantes dois aspectos e desejo abordá-los neste momento. Primeiro: o horário do programa. Lamentável que passe muito tarde, haja vista os brasileiros terem que levantar cedo (alguns até madrugar) para trabalhar, ir para a Faculdade, escola. Segundo: um empreendimento dessa envergadura, qual seja, escolher um brasileiro que possa representar todos nós, por sua dedicação ao país, devia ser realizado por todas as emissoras de rádio e televisão para que todo o Brasil fosse realmente mobilizado, para que todos pudessem votar. Creio que, mesmo assim, ainda seria “injusto” o resultado. Explico: temos diversos exemplos de dedicação, cada um em uma área, cada um com uma trajetória de vida. Há nomes que deviam figurar entre os finalistas e não se encontram lá. Por outro lado, há outros que apareceram entre os 100 mais votados que ficamos a indagar o que realmente eles fizeram pelo país. Nesse sentido, norteia-nos o pensamento do presidente norte americano John Kennedy: “Não perguntes o que teu país pode fazer por ti; pergunta, antes, o que podes fazer por teu país”. O embate de ontem foi entre Ayrton Senna e Chico Xavier. Por considerar que entre ambos estará o grande vencedor, não votei. Julguei melhor assim. No caso, o escolhido para ir para a final foi Chico Xavier. Enquanto Senna trouxe a alegria aos corações brasileiros, Chico Xavier tirou a tristeza de seus corações. Parabéns a ambos. Dois exemplos que arrastam multidões.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

MOTORISTAS DE VIDEO GAME

Há um velho ditado popular que diz: “Pau que nasce torto nunca se endireita”. Cabe aqui uma pergunta: Será? Com a crescente onda de vendas de automóveis em todo o país, o que demonstra o poder aquisitivo da população brasileira, que vem num crescendo graças às últimas posturas adotadas pelo governo, tais como redução de IPI com o nítido objetivo de incentivar a economia face aos acontecimentos mundiais, também fica bastante evidente que há muitos cidadãos não totalmente habilitados para a condução de veículos. Na contramão do progresso, observa-se que não há respeito pela sinalização de trânsito, com avanços de sinais vermelhos, estacionamento em locais não permitidos, principalmente nas calçadas (que são destinadas aos pedestres), falta de sinalização de direção quando se pretende alternar entre faixas de rolamento. E tantas outras infrações que não nos cabe aqui mencionar, pois são de conhecimento geral. O mais curioso é observar aqueles que seguem atrás de ônibus. Todos sabem que, a qualquer momento, o ônibus deve parar para a subida e/ou descida de passageiros. Esses que o seguem, então, simplesmente jogam seus veículos pra outra faixa, sem se darem conta de que nela vêm outros carros. Não sinalizam nem pedem licença. Desculpa? Isso é coisa pra otário! Aquele que vem na faixa corretamente que pare, que dê passagem, que se desculpe por estar ali, trafegando conscientemente, dirigindo por si e pelo outro. Quando observo isso, recordo-me de um determinado jogo de vídeo game, no qual os jogadores escolhem o carro mais potente, pintam-no de cores as mais chamativas, turbinam, e colocam-no na pista, disputando uns com os outros. Nesses joguinhos, sempre há uma ou mais “vidas” e o interessante é que sempre se ouve um dos competidores afirmar: “perdi uma vida”. Mas continuava. Seus carros turbinados batem uns nos outros, amassam, e, num só clique, aparecem inteiros novamente, como se nada tivesse acontecido. O que a vida no trânsito das grandes cidades demonstra é que esses motoristas largaram o vídeo game e se transferiram para as ruas e avenidas. O que não percebem, todavia, é que agora não há como desamassar o carro que fora jogado contra outro, não há como recuperar a vida perdida. E, neste caso, o carro torto não se endireita, pois, não haverá outro jogo... GAME OVER.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

BEZERRA E A ERA DO HOMEM ESPIRITUAL

Certa vez, o Apóstolo Paulo, em carta escrita a seu discípulo Timóteo, ao narrar os fatos ocorridos consigo, o longo e cansativo trabalho de espalhar pelo mundo o Evangelho, e sentindo a proximidade de seu fim, disse: “Somente Lucas está comigo”. Contam os livros que os dois amigos, ambos de caráter forte, desde que se encontraram pela primeira vez, jamais se separaram. Foram anos a fio de lutas. E o que fez com que isso acontecesse? Naturalmente, um percebeu no outro aquele complemento que lhe faltava na alma. Paulo tinha sido o rabino Saulo – o mesmo que perseguira Jesus na pessoa de seus seguidores e que, por obra do próprio Jesus, caíra do cavalo quando a caminho de Damasco para prender os discípulos do Cristo, em particular o velho Ananias. Lucas, de nacionalidade grega, era homem de ciências. Médico, vivia na constante luta em “ganhar a vida”, mas queria, também, estender sua atuação àqueles que não podiam pagar pela consulta. Um dia o destino os colocou frente a frente. Paulo necessitava dos conhecimentos científicos de Lucas. E este viu naquele desconhecido a experiência que lhe possibilitaria alcançar o equilíbrio. Juntos, percorreram distâncias, enfrentaram dissabores, mas ampliaram e difundiram a mensagem do Evangelho a muitas mentes. Até o momento em que Paulo escreveu as palavras citadas acima. Pouco depois o Apóstolo dos Gentios foi decapitado e Lucas partiu em busca de cumprir a promessa feita ao amigo: encontrar a mãe de Jesus e, a partir dos fatos narrados por ela, escrever um livro que contasse ao mundo a existência do Messias. Em outro tempo, num lugar chamado Riacho do Sangue, no Estado do Ceará, nasceu Adolfo Bezerra de Menezes. Curiosamente, também era amante dos livros e dedicou sua vida à prática da medicina. Seus biógrafos contam que não havia quem o procurasse e saísse sem uma solução para os seus males. Chegou mesmo a doar seu anel de formatura para uma senhora que não tinha condições financeiras para adquirir o remédio receitado. Um dia ganhou de presente de um amigo um livro. Na viagem de bonde do centro do Rio de Janeiro até a Tijuca, onde morava, leu-o sentindo no espírito a novidade de assuntos já conhecidos – era o “Livro dos Espíritos”. Tornou-se um dos maiores nomes espíritas do Brasil. Após desencarnar, não cessou na luta para aliviar as dores dos que ainda percorrem as trilhas do sofrimento, sejam elas de natureza física, moral ou espiritual. Nesse objetivo tem atuado em muitos lugares, entre eles no Templo Espiritual Maria Santíssima. Uma vez por mês, mais precisamente no último sábado de cada mês, o Espírito Bezerra de Menezes vem trazer aos que sofrem o conforto para seus espíritos. Inúmeros colaboradores acercam-se do ambiente do Templo Espiritual para auxiliar na canalização das forças espirituais que vêm do plano vibracional onde se encontram Maria – a padroeira da Casa – e seu filho amado Jesus. O encarregado de nos trazer esses fluidos é Bezerra de Menezes (Luz nas Sombras, edição nº 27, Ano V, Julho/Agosto, 2009, página 6). E nessa tarefa, quando nos toca a fronte, Bezerra de Menezes nos influi os mais ternos sentimentos cristãos, que ele mesmo adquiriu nos séculos em que militou a serviço do Cristo. Misericórdia, perdão e caridade. Eis o que nos estimula a praticar em favor do próximo, mas, sobretudo, em favor de nós mesmos. Pois, não se deve desprezar um pequeno momento que seja em descuido de nós mesmos. Recordo-me que o próprio amigo espiritual já dissera que nem a pretexto de servir a Deus pode-se descuidar do vaso físico. Nesta nova era a que adentramos agora é preciso cuidar ainda mais dos corpos físico, mental e espiritual. A nova era exige de cada um respeito maior por si mesmo. Um novo comportamento deve ser adotado pelos homens: mais respeito à natureza, mais respeito ao meio ambiente, mais respeito aos seres humanos, mais respeito a si mesmo. A Era do Homem Espiritual faz entender que é preciso resgatar os ensinamentos do Evangelho de Jesus e colocá-los em prática no nosso dia-a-dia. É preciso haver a conscientização de todos de que não somos apenas feito de carne e osso, com sangue a circular por nossas veias e que quando o coração cessa os seus batimentos deixamos de existir. Não! De modo nenhum! Não somos apenas isso! Somos, sobretudo, ESPÍRITOS. Todos irmãos, filhos do mesmo Pai (Deus), que não nos criou para morrermos quando o coração parasse de pulsar. A Era do Homem Espiritual vem e exige de todos nós o conhecimento de que somos eternos, como Deus o é. E nessa condição, para aprendizado próprio, estamos encarnados, como já estivemos muitas e muitas outras vezes. Compreendido isso, o homem passará a rever suas atitudes na vida. Entenderá que todo mal que pratique voltará contra si mesmo. Exemplifico. Se um político criar leis que favoreçam a um determinado grupo e façam os demais sofrerem, fatalmente encontrar-se-á amanhã entre os sofredores, pois a Lei imutável da REENCARNAÇÃO o trará de volta em outro corpo, em outra condição, mas, necessariamente, sob o jugo daquela lei que ele mesmo criou. Vingança? Não! Justiça! E justiça divina. As leis espirituais, dentre as quais a do amor prevalece, não se submetem aos caprichos do ser humano, não são corruptíveis, não deixam brechas, não guardam lacunas, mas são perfeitas porque, certamente, dão a cada um de acordo com suas obras. Nada mais nada menos. Mas, por favor, não tomem essas palavras como despotismo. Estamos, apenas, conversando sobre a vida. E, de minha parte, agradeço a oportunidade de expressar o que entendo a partir das palavras do amigo Bezerra de Menezes neste momento em que lhe prestamos uma homenagem pelo trabalho que desempenha junto de nós. Recordo-me da tarde em que ele nos falava a respeito da Misericórdia, do Perdão e da Caridade – essa tríade que, a nosso ver, paira sobre os Homens e Mulheres da Nova Era: relembrou o velho Apóstolo dos Gentios, rogou que a Mãe Santíssima nos abençoasse a todos, orou pelo Brasil e seus governantes, para quem pediu iluminação, além de nos tocar a fronte. Entre todos esses atos nos incentivou à Misericórdia, ao Perdão e à Caridade como metas a serem atingidas. Hoje, Bezerra de Menezes ocupa um lugar destacado nos nossos corações, mas curiosamente desconhecemos há quanto tempo ocupamos um destacado lugar em Seu Coração. Gratíssimo, Amigo, por tanto tempo dedicado a todos nós.

Maçã e Cebola

Há pessoas que, sob hipnose, comem uma cebola crendo, piamente, que seja uma maçã. E isso pode ocorrer diante do olhar de muitos. O que não percebem é que o cheiro até insuportável da cebola exala insistentemente e acaba ofendendo as narinas de quem está perto. Às vezes, a pessoa que “saboreou” a cebola, julgando estar com o aroma da maçã, conversa muito próximo das demais, quer beijar a esposa, o marido, namorado... E o cheiro da cebola vai se espalhando. O mesmo acontece com os sentimentos guardados no coração. Muitas vezes considerados bons por quem os guarda, não passam, em verdade, de sentimentos nada agradáveis. Quando, porém, colocam-nos para fora, julgados como “perfumados” (como a maçã), são desagradáveis como o odor da cebola. E tais pessoas não percebem que as demais vão, aos poucos, se afastando. Julgam-nas, por isso, intolerantes, quando não são; desejam, apenas, alívio para seus ouvidos cansados de ouvir sempre a mesma história.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Sombrio Destino

Sombrio destino, na espreita, me aguarda, pois a lei, inclemente, a pena dita: volver ao seio da terra, a "Pasárgada", sozinho, sem o meu laço de fita. Ainda bem que guardo na essência, a me guiar - nada que se compare -, nessa nova e cruel existência, as cristalinas notas de "Volare".
sombrio destino, na espreita, me aguarda, pois a lei, inclemente, a pena dita: volver ao seio da terra, a "Pasárgada", sozinho, sem o meu laço de fita. Ainda bem que guardo na essência, a me guiar - nada que se compare -, nessa nova e cruel existência, as cristalinas notas de "Volare".

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Laço

Chegou ao fim da vida maldita. E desfez-se o "laço de fita".

segunda-feira, 30 de julho de 2012

POUCO

Poderia ter feito diferente na vida? Sim, poderia. Fiz? Não. E o que fiz, valeu a pena? "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena" (Pessoa). Se pouco fiz, guardo a certeza de que tudo fiz ao meu alcance. A esperança é que a vida continua para eu continuar fazendo, mesmo que pouco. Nada deve ser mais importante que isso: saber que o pouco que faço, muito me alegra e muito me conforta, pois, se para mim foi pouco, para alguém foi TUDO.

sexta-feira, 30 de março de 2012

PAPO DE AMIGOS

Velhas tristezas ficam perdidas
Embora haja um esforço comigo
de trazer lembranças queridas
daquele nosso "papo de amigos".

quinta-feira, 22 de março de 2012

No céu...

Minha
Estrela
Dalva
Ornada
De
Esperança
Luz
No
Céu
Cintilante
Apesar de algumas nuvens encobrirem-na de quando em quando, sei que continuas a irradiar teu brilho que voltará a iluminar meus passos.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Coisas de Interior... (parte II)

Na audição das estrelas, que, de forma bastante curiosa, era um ouvindo milhares, quando o mais comum são milhares ouvirem o apenas um, restou a pergunta:
Por outro lado, e os que conquistaram o mundo sem perder a alma?
Quem somos nós para julgar tal ou qual pessoa?! Nada parece mais tresloucado que esse julgamento...
Como saber se pelo menos nós mesmos pertencemos a uma ou a outra categoria de pessoas?
Fato é que muitas pessoas conquistaram o mundo e, pode-se dizer tranquilamente, não perderam suas almas.
São as que dedicaram suas existências à prática do Bem, da Caridade, do Amor. São as que sufocaram uma fofoca, não alimentaram uma maledicência, não emprestaram seus ouvidos a uma calúnia, nunca magoaram um coração.
... Enfim, são as que hoje, revestidas de luz, falam comigo enquanto abro as janelas do coração para ouvi-las...
Não sei o que possa parecer aos olhos do mundo,
mas aos meus pareço
apenas
ter sido
como um menino brincando
à beira-mar,
divertindo-me com o fato de encontrar
de vez
em quando
um seixo mais liso ou
uma concha mais bonita que o normal,
enquanto o grande oceano da verdade permanece completamente por descobrir à minha frente.
Isaac Newton

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Coisas de Interior...

Essa noite, me deitei no chão lá fora. Fiquei a olhar para as estrelas, admirando seu brilho.
Em silenciosa prece, pedi ao meu anjo de guarda que me iluminasse o caminho pela vida.
Percebi quão grandioso é o universo, a quantidade de estrelas que brilham no firmamento e de lá não caem. Brilham tão intensamente que, mesmo quando ofuscadas por uma nuvem que se interpõe entre nós, conservam o fulgor e, depois de passada a nuvem, parecem florescer mais ainda...
E nós, os homens, nesse conjunto todo, somos apenas menores que um mísero grão de areia no deserto ou mais insignificantes que uma gota d’água no oceano...
Todavia, fazemos questão de impor nossa condição, julgando-nos superiores, brigamos por ninharia, ofendemos nosso semelhante ao passo que nos magoamos por titica de galinha.
“Ao meditar, em raras horas mansas,
Cheguei a conclusões desprimorosas:
Os homens são crianças rancorosas,
Sem a graça espontânea das crianças.”
As estrelas, entretanto, continuam lá...
Recordei, então, da questão proposta por Jesus:
"Que aproveita ao homem se conquistar o mundo inteiro e perder sua alma?"
E as estrelas, com seu brilho, diziam das pessoas que passam pela vida em busca de fama, reconhecimento, fortunas, desperdiçam a vida, a saúde e o tempo, em busca dessas coisas passageiras. “Chegam até a vender a própria alma do diabo”. E não podem desfrutar da fama, pois sequer conseguem caminhar pelas ruas tranquilamente; o reconhecimento logo é esquecido; a fortuna se dissipa em prol de falsos amigos. Com isso vai-se a vida, a saúde e o tempo.
Aí, vem o diabo cobrar a dívida...
A estrela, então, me segredou que não é tudo...
O ser humano, no dia a dia, não aplica a si mesmo a indagação acima, pois, para continuar mantendo a sua aparência de superior, muita vez, quer dobrar os joelhos do seu próprio semelhante. Veja-se o caso: a primeira reação de alguém, quando atacado, é revidar. Mas não lhe basta o simples revide. Tem que ser de forma tal que o suposto agressor se sinta tão inferiorizado a ponto de nunca mais, nem em sonho, voltar a repetir atitude parecida.
E mais: não lhe basta que apenas o suposto agressor sinta na própria pele. Quem revida sente a necessidade extrema de que as demais pessoas também participem do ocorrido e apóiem-lhe a atitude.
Nesse sentido, espalhando a maledicência, vão conquistando o mundo, mesmo que esse “mundo” seja limitado ao espaço de uma sala, de uma pequena cidade, de um estado...
E o que a maioria quer é “ver o circo pegar fogo”.
Conquista-se o mundo: as pessoas lhes aplaudem as atitudes de revide, de revolta, de maledicência... e perde-se a própria alma, pois, quando essa se encontrar sozinha diante do Criador, depois de tanta maledicência e discórdia espalhada pelo mundo, como poderá olhar-Lhe na face?
Por outro lado, e os que conquistaram o mundo sem perder a alma?
“Ora (direis) ouvir estrelas...”

José Bonifácio, 28 de fevereiro de 2012
Terça-feira