No último século, não
obstante os esforços de alguns, como salientou Arnaldo Niskier,
“a qualidade do
que foi oferecido aos alunos é suspeita”. A escassez de bons profissionais,
aliada a outros fatores, contribui para o empobrecimento do Ensino.
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| Arnaldo Niskier |
Apesar da falta de
incentivo à leitura no lar, nas escolas, no dia a dia, algumas pessoas têm o
hábito de ler jornais e revistas, mas de forma superficial. Aliar a essa
leitura cotidiana uma leitura técnica implica enorme sacrifício: não há tempo disponível; os livros são
caros; não estou com cabeça para pensar em questões gramaticais – são
algumas desculpas que se ouve todo momento, refletindo a realidade, contra a
qual Rui Barbosa escreve, em uma de suas imortais sentenças:
“Uma reforma
radical do ensino público é a primeira de todas as necessidades da Pátria,
amesquinhada pelo desprezo da cultura científica e pela insigne deseducação do
povo.” E conclui: “O Estado tem deveres para com a ciência. Cabe-lhe, na
propagação dela, um papel de primeira ordem.”
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| Rui Barbosa |
Vê-se, por um lado, nas
palavras do Águia de Haia, que o primordial problema brasileiro, hoje enfocado
pelo professor Niskier, resiste ao tempo devido a pusilanimidade dos que
juraram contra ele luta sem tréguas.
Por outro, se o Estado
der Educação para o povo, contrariando o “pão e circo”, não poderá dominá-lo.
Razão porque condena-o, adotando sistemas que fazem com que as crianças e os
jovens – que, muitas vezes, já vêm predeterminados à vadiagem escolar – sejam
ainda mais desleixados quanto aos estudos. Com o passar do tempo, tem-se uma
sociedade estéril, alheia da literatura nacional, e – o que é pior – cega.
Diante disso, o profissional
de Letras tem de trabalhar sozinho, sacrificando-se em benefício de seus
alunos, que, ante a complexidade da língua portuguesa, não sabem o que fazer.
Como saber se se fala e se escreve de acordo com a norma exigida? Que
comportamento deve-se ter diante das muitas situações que surgem na vida? São
os desafios que fazem crescer a importância daqueles que na Educação trabalham.
No entanto, a
tarefa desses profissionais não se restringe apenas em ensinar normas
gramaticais. É, antes de tudo, um trabalho de formação da cidadania que, se bem
cumprido, torna melhor o país.
Os causadores de
confusão nas cabeças das crianças e dos jovens que, na escola, aprendem como se
deve escrever, são os erros ortográficos que se veem pelas ruas, nas placas de
anúncios, painéis, além de uma infinidade de erros transmitidos pelos meios de comunicação que são assimilados e
dificultam, ainda mais, o acesso dos jovens brasileiros a melhores salários,
melhores representações políticas etc.
Lutar contra esses
deslizes propagados pelos que, em nome de uma liberdade de expressão, têm pela
língua nacional um verdadeiro descaso, requer dedicação, conhecimento profundo
e jogo de cintura daquele que educa. A vasta problemática exige tempo e
vocação, mas apontar soluções é tarefa do profissional de Letras, que deve
amenizar o terrível quadro apresentado no século XX, para, numa progressão
geométrica, mudá-lo completamente. Necessário se faz, portanto, incentivo,
realização de dinâmicas, interações com as crianças e com os jovens, para
tornar o aprendizado uma atividade divertida e agradável, no intuito de que os
brasileiros do futuro comecem a usar corretamente a língua portuguesa, desde a
mais tenra idade.


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