sábado, 29 de março de 2008

SEDUÇÃO

Não sei se há prazer maior
A iludir-me o coração;
Sei, apenas, que a paixão
Faz de ti o meu xodó.

***

Há muito tempo começou –
Nem sei precisar quando ...
Talvez numa tarde de inverno,
Ou talvez num dia tão quente
Quando pareceu-me que o inferno
Veio morar com a gente.
Não sei se era o dia,
Mas teu olhar –
Um olhar ardente –
Acenou-me com poesia.

Oh! exclamei
E tua face mirei
Com ternura e desejo.
Ensaiei, de longe, o cortejo,
E, entre decidido e temeroso,
Meus primeiros passos dei.

***

Com o olhar atento,
Reparei na dicotomia do teu corpo...
Distanciadas e encobertas
Convidavam-me
Ao mergulho profundo no misterioso pote do tesouro com que me
[acenavas...
Vivi todo esse tempo.
E agora, nuas, entrelaçadas,
Abraçam-me por todos os lados,
Apertam-me com vigor,
Excitando-me os sentidos

Ao corresponder
Às carícias com que me afagas
Sinto meu corpo
Levitar em sonoras vagas
Quando ao teu corpo
As mãos leves,
Embora céleres, lanço,
Em divina musicalidade, danço.

Quando nos lábios
Roçam-me os beijos teus,
Sinto-me um deus
A ensinar a outros sábios.

Quando de ti faço uso
Quando de ti abuso
Num constante extremo,
Mesmo fatigado,
Com os sentidos alterados
Alcanço o prazer supremo.

***

Ahhhhhhhhhhhhh

***

(Paulo de Morais
Livro: Tardes Trigueiras)

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa!!!!

Que inspiração,heim!!!

Te Amo! Le