Pergunta-me a memória atrevida
Por que fui num baile de carnaval
Lançado a um combate desigual –
Essa dura batalha pela vida?
Num mar de tormentas descomunal
O prêmio máximo é a meta atingida
É um espaço, a glória, uma guarida,
O êxtase supremo, a vitória final.
Ser o mais ágil, forte, o mais esperto,
A cada braçada, do alvo mais perto,
Venci milhões, bilhões iguais a mim.
Na maratona das lutas, por fim
Contra a maré, destemido remei
E o óvulo, triunfante fecundei.
Desafios tantos que a vida nos suscita
Para nos testar seja quando e onde for,
Nossa real capacidade em prova pôr
Antes do bom êxito nos fazer visita.
Veja o exemplo, bas-fonds, que agora vou propor
E me responda, ainda que eu não insista:
Não tem a vida o mesmo sabor de conquista
Que, em chiste, cantei no soneto anterior?
Não, bas-fonds, não! Eu mesmo contrario que não.
Apesar de tudo, concordo com Platão:
“Vencer a si próprio é a maior das vitórias”.
Mas ai daquele que se jubila nas glórias
Da derrota alheia que para si atrai:
Pobre besta humana que pela vida vai...
(Paulo de Morais
Livro: Tardes Trigueiras)
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