A vida corre como um veleiro ao mar...
Na madrugada, quando se lança na praia,
As ondas avisam dos perigos
E o incentivam a desistir
Ele, porém, impulsionado pela brisa,
Dá-lhe as costas e desafia o infinito
O sol surge
E no ápice
Sua luz quente queima o rosto do Veleiro
As gotas que brotam do seu rosto –
Irmãs no sabor (amargo) da amplidão marítima –
Sulcam-lhe a face
Mas o Veleiro
Apaixonado pelo oceano
Luta – acalma
Sofre – jubila
Chora – sorri
Vive – morre
Ano após ano
No doce bailar
Entre dois infinitos –
Acima, o céu
Abaixo, o oceano –
Num beijo eterno.
Surge a Tempestade
Sozinha sobranceira
Sublime aparição
De um sorriso arrebatador
E o Veleiro convida à dança
Toma-o nos braços
Dita-lhe o ritmo
De uma dança frenética e louca.
No auge supremo
Beija-lhe a boca...
O Veleiro não mais existe.
(Paulo de Morais
Livro: Tardes Trigueiras)
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